Título: Raira
Autor: Andreas Nora
Editora: Livre Expressão
Páginas: 199
Sinopse: Sereno, sem perturbação. Alma aquietada. Eu fumava um cigarro segurando um copo sobre a mesa enquanto a noite se instalava. Ao longe a lagoa serena refletia a serenidade do céu de noite clara que chegava. Ao longe o estacionamento da peixaria-mercado estava desolado, triste, distante, parecendo abandonado. Um caminhão descarregava gelo. Sereno, sem perturbação, apenas estado ali por estar, ouvia as bolas de bilhas que se chocavam como a tensão do mundo — sempre o contato de tensão; a destruição (que se foda o que é destruição...).
Raira retrata a história de um flanelinha e conta, com riqueza de detalhes, como ele faz pra "ganhar a vida". O vagabundo tem uma vida boa: sobrevive com vodca barata e cigarros, não liga para nada e só se preocupa em correr atrás dos carros na peixaria-mercado para ganhar o seu trocado e sustentar o vício.
Até aí nada de anormal... Até que ele começa a descrever o fascínio pela ruiva funkeira que dança num puteiro próximo. Logo de cara já vemos que a troca de olhares entre os dois dará em algo.
A vida segue e a atração entre eles começa a tomar vida. Ele não para de desejá-la; ela não hesita em provocá-lo. Ambos formam aquele típico casal foguento-sem-vergonha. Mas com um "porém": tudo ocorre em segredo.
Os encontros começam a ocorrer com frequência e o desejo dos dois fica cada vez mais intenso. Raira (que só sabemos ser o nome da mulher depois de 80 páginas), por ser extremamente sexy e provocante, acaba sendo alvo de cobiça de todos por onde passa, o que faz com que o vagabundo seja odiado por quem note o romance entre os dois.
Depois de numerosos encontros, Raira simplesmente desaparece. Não o procura, não passa perto, não liga. Não manda um mísero sinal de fumaça. O flanelinha se incomoda com tal situação e fica nervoso ao perceber o que está acontecendo. Xinga, desconta na bebida e nos cigarros... Mas nunca consegue fugir da atual situação. Pelo contrário: quanto mais bêbado fica, mais certeza tem. O sumiço da ruiva faz ele pensar que Raira está nos braços do amante, amando-o e... Fazendo vocês-sabe-o-que.
Desolado, acabado, traído e condenado, o cara senta na calçada quando está para desmaiar. O baque lhe toma por completo ao ouvir "tem uma mulher no orelhão que quer falar com você."
A história é narrada na primeira pessoa do singular, de forma que só conseguimos saber o que se passa na mente no flanelinha. A riqueza de detalhes impressiona — quando digo "detalhes", levem realmente ao pé da letra —, o que possibilita melhor visualização da cena.
Não pensem que a história é clichê e sacana. No penúltimo capítulo tudo muda por completo e é exatamente nessa hora que você faz o que eu fiz: manda um e-mail para o autor e o xinga de cima em baixo. Não tenham medo, xinguem mesmo. Ele é como o personagem principal (com um pouco mais de experiência de vida) e vai rir da sua cara.
O livro em si é ótimo e o final, maravilhoso. É justamente por causa desse final que ele receberá quatro xícaras.
E a trilha sonora é... Da minha segunda banda favorita, My Darkest Days, Porn Star Dancing!
Tea Desk,
ResponderExcluirFiquei estupefato com a beleza da sua Resenha, da sua Narrativa. Talvez possa parecer algo como envaidecimento da minha parte em falar assim, uma vez que você resenhou um texto meu. Mas o meu envaidecimento é tê-la como Parceira; uma Parceira que, com muito saber, não fez referência ao autor, mas sim ao estilo e conteúdo da narrativa. Estou encantado com o seu trabalho! E já que podemos xingar, aí vai: Você Escreve Bem Pra Caralho!!
Abraço!
Andreas Nora
Não sabes o quão feliz fico ao ler isso do primeiro autor que topou fazer parceria com o meu blog! Se eu fosse de "me achar", já estaria tirando print e compartilhando em tudo quando é lugar hahahaha Procuro sempre esquecer do autor e focar na narrativa, independente de conhecê-lo ou não.
ExcluirDe qualquer forma, muito obrigada!!
Grande abraço!